Sabe, eu sinto que a minha vida começou a... "desandar".
Pense bem em tudo que vou falar, e provavelmente discordará de mim, mas não me importa o que os outros pensam
– mesmo que eu comesse uma longa discussão com quem deixar um comentário indo contra a minha opinião –, pois acho que o motivo de ainda estar vivo é a vontade insaciável, incontrolável e inacabável que tenho de um dia encontrar alguém que se pareça comigo seja na maneira de pensar ou nas atitudes
– idiotas e, acreditem ou não, (muito) previsíveis – tomadas.
HOJE, eu tenho que acordar seis horas da manhã pra tomar banho, ir ao colégio, conversar com amigos, fazer a lição em sala de aula
– porque de uns dias pra cá eu venho fazendo isso – e puxar o saco de alguns professores; o que é até maneiro, da maneira que eu faço, não igual a todo cdf, mas isso já é assunto pra outro post.
. É legal ter amigos que moram no seu bairro, pessoas que pensam de forma mais madura
. É legal poder chegar atrasado e pular o muro baixo da escola, e mesmo que a inspetora descubra, não faça nada
. É MUITO bom poder ficar fora da sala as matérias que você não quer fazer, mas tendo que ser sorrateiro com os professores antigos de moral alta
. É fodastico realizar as vontades que tinha em 2004, quando estudava lá antigamente e como era ingênuo, apenas ficava admirando os rebeldes sem causa que saiam da classe sem permissão e visitavam as salas alheias e certas partes da escola
. E como igual dos 7 aos 11 anos de idade, chegar em casa, ficar comendo porcaria na poltrona em frente a televisão até tarde da noite e depois dormir.
Mas por que não estou contente com isto? POR QUÊ?
ANTES, ano passado, eu era feliz de verdade.
Acordava cinco e meia da manhã
(interrogação), tomava banho, bebia um copo de álcool
(exclamação) e andava até a pista pra pegar um ônibus para ir até Mongaguá
(interrogação)²;
De vez em quando, no meio deste caminho
– mesmo caminho que hoje traço para ir à minha atual escola –, parava no meu antigo colégio
(agora meu atual colégio) para ver uma galera
– que hoje vejo todos os dias – e depois seguia pro ponto de ônibus e
. Ao chegar no meu destino, esperava até as 07h50 para entrar na segunda aula, e mesmo levando broncas e sermões, era ótimo.
. Zuava com a molecada, era um dos mais legais e admirados da sala, tinha respeito, moral...
. Usava drogas nos banheiros da escola...
(interrogações)
. Praticava educação física, pelas primeiras e últimas vezes na vida, jogando vôlei com uma rodinha de garotas, que não eram as mais bonitas, mas sim as mais divertidas, humildes e inteligentes que conheci
. No meio do ano, encontrei alguém, furei o olho do namorado desse alguém, fiquei com este alguém e namorei com esse alguém
. Era alegre, tinha amigos e uma namorada; uma namorada que por pelo menos um mês
('kk) eu amei muito, fiquei abraçado a todo momento, segurei e admirei suas mãos, o que foi um ato mutuo, pois ela dizia que assim como amava as mãos dela, ela amava as minhas também
. Fugia da escola quando íamos para quadra...
. Já era tão intimo com as inspetoras que as ajudava quando pediam e, em retribuição, era só falar que queria ir embora sem ter que justificar que elas me liberavam
. E ao sair
– ou fugir – da escola podia ir à pracinha, sorveteria, banca de jornal, lanhouse ou até mesmo pro butéco, pois a escola era no centro da cidade, onde tem de quase tudo um pouco.
Ontem fui dormir 16h da tarde, e só acordei hoje as 05h30m da manhã, o que me lembrou da antiga rotina; sem contar os dias de frio que me nostalgiam com a época em que namorava, chegava atrasado na escola e pulava o muro só pra ver a “Minha Deusa de Marfim”
– puta que pariu, tenho que confessar que era muito bom e infelizmente as vezes lembro dessas coisas.
Hoje ao chegar na escola tinha muito pouca gente, e esses poucos que haviam, foram embora, por causa de uma excursão que teve pro Playcenter
– o que PRA MIM não justifica a falta para os que não foram à excursão – e então tive que voltar para casa. Aproveitei e fui pra Mongaguá com a minha irmã e minha mãe e ao chegar lá e estacionar o carro na igreja, não resisti e tive que passar na antiga escola, que fica bem em frente, ver se tinha alguém conhecido na quadra fazendo educação física no período da manhã. Subi as escadas e fiquei lá sentado na arquibancada, e me bateu uma forte vontade de chorar; primeiro, por saudade, e segundo, por ter repetido de ano duas vezes e ver a galera que foi da minha sala quando entrei lá em 2005 no 3º colegial completando o último ano.
A vida é mesmo traiçoeira e engraçada! Eu deveria estar bem melhor agora com a simplicidade e praticidade, mas com o passar do tempo, vou percebendo que
preferia aquele modo alucinante e pecador a essa vida pacata de merda.
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Enquanto meu corpo caminha e se estabelece no meu colégio atual,
a minha alma continua no velho Aracy da Silva Freitas.
Talvez esteja pagando por todos os anos em que queria voltar pro Antonio Nunes Lopes da Silva. Desde a sétima serie chorando pra minha mãe, pedindo pra me colocar de volta na minha antiga escola com meus velhos amigos do primário, e hoje que isso se concretizou, eu só queria é ter fechado a minha boca e aproveitar tudo o que eu não fiz
– acredite ou não, teve muita coisa que eu não fiz.
E do que adianta eu vir com aquele papinho idiota de ‘nunca me arrependo das minhas decisões’ e ‘tudo que fiz foi para que aprendesse no futuro’? Infelizmente há certas coisas que não podemos corrigir, coisas que temos de largar a porra do orgulho de lado e
– mesmo que com lagrimas na cara – com a postura de um homem erguer a cabeça e dizer: “Eu errei, fiz cagada, e como seria bom voltar no tempo e fazer tudo diferente”. E sem sair desta mesma postura tem de lembrar que mesmo que tente fugir, esse homem já é um homem maduro e, embora seja triste, tem que se conformar que o que passou, passou.
Mas sou deprimente; Luto por meus sentimentos; Não acaba por aí.
© Raul Izar
Iniciado em 14/09/2010 05h48m e Terminado 15/09/2010 23h33m